Faleceu, na madrugada desta sexta-feira (5), o artista Jô Soares, aos 84 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês em São Paulo. A causa da morte ainda não foi divulgada.
José Eugênio Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938. Até a adolescência viveu nos Estados Unidos e na Europa. Voltou ao Brasil quando o seu pai perdeu todo o dinheiro na Bolsa de Valores. Com a idade de 18 anos, ingressou no Instituto Rio Branco, para seguir carreira diplomática. Sempre divertido, de humor rápido e inteligente, o jovem gostava de entreter seus colegas com casos e piadas.
A estreia de Jô Soares na vida artística aconteceu no filme “O Homem do Sputnik”, de Carlos Manga. Na televisão, começou escrevendo textos de teleteatro e eventualmente atuando no programa “TV Mistério”, da TV Rio. Tornou-se roteirista do programa Câmera Um, da TV Tupi. Em 1959, entrevistava e fazia graça nos programas Jô, o Repórter e Entrevistas Absurdas, veiculados pela TV Continental, no Rio. Participou de O Riso é o Limite, na TV Rio, e em 59, estreava no teatro como o bispo de “Auto da Compadecida”. Em 1960, seguiu para São Paulo, onde fez brilhante carreira como redator de TV (Show a dois, Três é demais), ator e humorista (Cine Jô, La Revue Chic, Rifi-7, 7 Belo Show, Jô Show, Praça da Alegria e Quadra de Ases). Destaque para a atuação de Jô Soares como entrevistador internacional do Programa Silveira Sampaio, em 1963 e 1964. A fama nacional como comediante veio em 1967, quando estreou como o mordomo Gordon, da Família Trapo, programa que também ajudava a escrever. Na TV Globo, firmou seu sucesso nos humorísticos, Faça o Humor, não Faça a Guerra (1970), Satiricon (1973). O Planeta dos Homens (1976) e Viva o Gordo (1981).
Os personagens marcantes foram muitos: Bô Francineide, Gardelon, irmão Carmelo, Norminha, Capitão Gay etc. Os bordões que caíram na boca do povo foram: Tem pai que é cego, Cala a boca, Batista, Muy amigo, A ignorância da juventude é um espanto e Vai pra casa, Padilha. Em 1973, Jô estreou seu sonhado programa de entrevistas na nova casa, o Globo Gente. Problemas com a censura o retiraram do ar. Nos anos 80, já em época da abertura política, a emissora não apoiou o projeto para um programa de entrevistas com ele. Sílvio Santos aproveitou e atraiu Jô para o SBT com um salário recorde na TV brasileira, com direito a programa de humor (Veja o Gordo) e um talk-show (Jô – Onze e Meia), que estreou em 16 de agosto de 1988. Pouco tempo depois, Jô encerrou a carreira de humorista, passando a se dedicar à imprensa, à música, ao teatro e à literatura. Em 3 de abril de 2000, ele voltaria para a Globo, no Programa do Jô, e entrevistaria aquele que não dava entrevistas, o dono e fundador da emissora, Roberto Marinho. Os livros Xangô de Baker Street (1995) e O Homem que matou Getúlio (1998) marcaram sua nova fase como escritor.
A carreira de Jô Soares foi destaque em vários jornais, incluindo o jornal americano The New York Times. Com o título de O showman do renascimento brasileiro não pode ser contido num talk show com Larry Rohter, onde discorre sobre a carreira, lembrando seu sucesso na TV como comediante, durante a ditadura militar, e os talk shows que fez depois, nos moldes americanos.
Com informações do Pensador.