Qual é a base da direita? Ela está estruturada?

Após um longo período longe da política resolvi retornar. Abri mão de movimentos, apoio a políticos, restringindo minha manifestação eleitoral apenas no segundo turno a Jair Bolsonaro. Após ter me dedicado de forma intensa à defesa da liberdade do povo brasileiro e ter sofrido consequências severas que ainda não terminaram, enxerguei de modo mais nítido as peças postas no jogo chamado “política nacional”, deixando de ser um torcedor para observar melhor o cenário que me cercava, pois estava claro para mim que algumas bandeiras de direita que passaram a ser erguidas estavam mais para slogans de campanha eleitoral do que para ideais de vida para lutar e morrer por eles. 

Desagradando a uma parcela do eleitorado de Jair Bolsonaro, afirmei que o movimento dos quarteis não surtiria o efeito desejado, que as Forças Armadas não interveriam a favor dos patriotas conservadores e que o condenado na Lava Jato subiria a rampa. Pessoas ainda nutrem desafetos por mim por causa de minhas declarações, mas independente das emoções, o fato é que o que disse se confirmou. 

Meu intuito com esse espaço não é me ensoberbecer por considerar que minha análise é coerente com os fatos. Apesar de todas as divergências dentro da direita, o movimento conservador do Brasil está sofrendo conjuntamente com o retorno do Foro de São Paulo no Palácio do Planalto. Precisamos recorrer ao conselho do  filósofo contemporâneo e compositor, Mano Brown: “VOLTA PARA A BASE!”.

A direita tem base? Se possui, consiste em quê? Em um político? Mas ela já não saía às ruas antes de ter um Presidente? De um partido? Mas todos os partidos nacionais possuem um passado ligado ao Centrão, com conchavos e fisiologismos que corromperam as instituições e fortaleceram o estamento burocrático que vemos de volta ao poder. Talvez a base esteja nos movimentos de direita. Mas antes deles existirem, não se via uma disputa de egos que gira em torno de curtidas, vendas de cursos e campanhas para erguer hashtags. 

Enfim, se a direita possui alguma base, ela consiste única e exclusivamente na célula mater que mantém de pé qualquer sociedade: a família. Como está a sua família após essa eleição? Destruída? Arrasada com o resultado nas urnas? Pessoas estão sofrendo de transtornos psicológicos por temerem o futuro? Parentes petistas zombam por saberem que o bolsonarismo perdeu uma cadeira da Presidência? Se a base da sua vida não está estruturada para te sustentar diante de um cenário incerto, repleto de conviccções ideológicas desastrosas, não é hora de pedir por socorro por instituições. É hora de reformar a casa.

Nosso saudoso filósofo, Olavo de Carvalho já nos alertava que nosso trabalho devia ser de formiguinha, deixando a Presidência como a cereja do bolo. Em 2022 o sistema não queria a tal cereja, e porque tinha o bolo nas mãos, o devorou, sem resistência da pequena fruta que era meramente a decoração. Nós, brasileiros, temos um grande desafio pela frente. E querer pular etapas porque o tempo urge, ou então porque queremos ser mais espertos, agindo como a oposição age – ardilosamente – só nos colocará em riscos ainda maiores, pois do outro lado, os pensadores do movimento revolucionário trabalharam, estudaram e se dedicaram no projeto de intervenção cultural, idealizado por Gramsci e pela Escola de Frankfurt durante décadas, enquanto o único esforço dos nossos pais era viver a vida, simples como ela é, sem se preocupar com o amanhã. 

Convido você a refletir sobre a sua casa. Seu cônjuge, se você for casado(a), seus filhos (talvez), pai, mãe e irmãos. Veja o que pode ser mudado no seu lar para tornar o mundo menos revolucionário. Talvez você apenas precise arrumar sua cama. Lavar seu carro ou tomar banho antes de ir dormir. Reflita sobre como sua vida tem contribuído para o avanço do progressismo social. Esqueça os inimigos do portão para fora de casa por um instante. Olhe para o de dentro. Talvez o inimigo seja você mesmo. Caso chegue a essa conclusão, mude de atitude. Reoriente a rota, corrija os caminhos e reconquiste a base do seu posicionamento ideológico. 

Com que autoridade eu proponho tudo isso? Com a autoridade da primeira pessoa que teve a coragem de apoiar publicamente o Presidente Jair Bolsonaro em Araraquara, organizando sua primeira carreata na cidade e que após muitos anos dentro do ativismo político, percebeu o quanto se distanciou dos valores que defendia enquanto gritava contra vereadores de esquerda na Câmara de Araraquara. Se eu consegui encontrar minha base, meu chão e minha razão de estar escrevendo esse artigo, você também pode. 

Não deixe o desâmino lhe abater. O bem vencerá no final. Apenas se preocupe com o que conseguir mudar. O que não conseguirmos alterar, é porque precisa ser vivido. Que você tenha mais prudência nos últimos tempos. Temer não é sugestão para quem quer ver o Brasil vencer em 2023.

Autor: Rodrigo Ribeiro

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