Everton de Oliveira analisa sessão da Câmara de Araraquara

ANTICRISTIANISMO BOLCHEVIQUE E TEATRO BURLESCO.

Ontem (23/11), após alguns anos de intervalo, retornei à câmara municipal de Araraquara. Nesta nova fase, mais maduro e acostumado a lidar com as anomalias políticas de Araraquara, pude acompanhar aquilo que pretendia ser uma “sessão da câmara dos vereadores”.

Sugiro a hipótese de pretensão, por obviamente me recusar a chamar tal espetáculo burlesco de “sessão”. Nem de longe, tal reunião está à altura das famílias de Araraquara. Famílias que por sinal, pagam pesados impostos para manutenção das sessões e subsistências dos vereadores.

Por falar em nossos nobres edis, muitos deles se sentem protagonistas de uma gestão cada vez mais ideológica e distante da realidade. Por isso, optei por narrar alguns momentos interpretados brilhantemente por nossos vereadores, ao invés de opinar. Ainda que adote o pano de fundo de um teatro em minha abordagem, não fugirei e priorizarei os fatos. Fatos sempre dizem mais do que nossa opinião.

As cenas deste espetáculo se passaram em um cenário marcado pela tensão ideológica. Antes de mais nada, é necessário que o leitor deste artigo saiba que em nenhum momento, os interesses dos munícipes araraquarenses foram levados em consideração.

Pelo contrário, conforme vocês perceberão no transcorrer do artigo, quaisquer tentativas racionais de debate que tivessem por objetivo salientar o bem comum, eram imediatamente destruídas pela necessidade de ser favorável ao prefeito, ainda que com prejuízo da própria instituição câmara. Mais preparados em relação aos seus pares, os vereadores da base do governo municipal sabem muito bem como tirar vantagens da fragilidade dos vereadores que pretendem se opor ao prefeito. É evidente que o cálculo eleitoral e a influência política-financeira do atual prefeito, pesa muito no momento em que os vereadores necessitam se opor ao governo.

Quanto à sessão, como é de praxe, foi iniciada com uma breve leitura das sagradas escrituras pelo vereador Rafael de Angeli(PSDB).

O edil havia acabado de finalizar a breve leitura, quando a vereadora Fabi Virgilio (PT) bruscamente solicitou uma “questão de ordem”, exigindo que fosse exibido o vídeo tratando sobre o “Dia de eliminação da violência contra a mulher”. Ora, aqueles poucos que estavam presentes na sessão, puderam entender que a vereadora tentou demarcar campo ideológico, nivelando a questão do vídeo com a leitura do texto que é sagrado para os cristãos. Nada contra o vídeo em si, mas a forma com que ele foi instrumentalizado e apresentado pela edil, é clara evidencia de como a esquerda vêm se aproveitando da “inocência útil” de alguns vereadores que se dizem (não são) cristãos.

Logo após a primeira “lacrada” da noite, por falar nisso, nos acostumemos com tal termo, pois muito provavelmente ele se repetirá em muitos artigos que irei escrever sobre esta legislatura, teve início a tribuna popular. É verdade que a tribuna é uma importante ferramenta para dar voz a população, porém neste momento de servilismo teatral ao prefeito aliado ao extremo ideológico bolchevique de alguns vereadores, os quais se sentem dono da câmara, até mesmo a tribuna foi reduzida ao reles jogo de conveniência e disputa política.

Fechando a cortina do primeiro ato, passemos para o momento mais esperado da noite.

Acontece que a prefeitura havia solicitado a câmara, a autorização do PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) para a abertura de processo de licitação para a concessão do complexo esportivo e turístico “Complexo Arena Fonte Luminosa”. Entretanto, a prefeitura dando continuidade aos seus equívocos dos últimos 4 anos, encaminhou o projeto de lei (PL 309-2021) de última hora, impossibilitando assim a apreciação do documento por parte dos vereadores.

Com isso, a população esperava que finalmente que os vereadores que se identificam como “oposição”, finalmente conseguissem impor uma derrota ao prefeito, todavia não foi isso que aconteceu. Mais uma vez, os vereadores do PSDB e PATRIOTAS resumiram sua atuação a simples reclamações sobre o tempo para apreciar o PL e novamente votaram a favor do PL.

Sendo assim, o prefeito prevaleceu em mais essa contenda e continuará tratando a casa como um puxadinho da prefeitura. Com relação a última legislatura, há mudanças a serem constatadas nesse primeiro ano? Há, mas para pior.

A mudança ficou por conta do desrespeito cada vez mais abusivo. Durante a sessão, alguns vereadores faziam “piadinhas”, enquanto a personalidade do atual prefeito era cultuada pelos vereadores da base. Votaram contra o PL o vereador Lineu (PODEMOS) e o vereador Rafael de Angeli (PSDB).

E o PATRIOTAS? Contrariando mais uma vez todos membros do partido, a bancada do PATRIOTAS votou a favor do projeto e contou com uma reclamação bastante tímida por parte do vereador Marchese.

A última parte deste breve resumo, fica por conta do substitutivo ao PL 141/2021 que cria “O programa de dignidade menstrual” foi votado. Novamente a vereadora Fabi Virgilio(PT) resolveu lacrar e homenagear através de sua “arte poética” o sangue menstrual. A edil deu um verdadeiro espetáculo tragicômico na casa, constrangendo todos os seus pares. Nesta altura, o clima da sessão já era exaustivamente pesado, mas como já estamos cansados de saber, a vereadora Thaynara Faria(PT) não poderia passar em branco.

Primeiramente, é necessário dizer que quem acompanhou a vereadora nestes últimos 4 anos, deve conhecer muito bem seu particular interesse em desrespeitar a população e exceder os limites da boa convivência. No entanto, como ela mesmo rotineiramente afirma em seus discursos, “o dinamismo político e as novas convivências mudam as pessoas”. É por isso que afirmo que a Thaynara do passado se decepcionaria com a Thaynara do presente, a qual quebrou o decoro ao utilizar a expressão “coçando o saco”, na tentativa de enfatizar a falta de respeito de indivíduos masculinos que levam suas mãos ao órgão genital.

Particularmente, não sei quem são essas pessoas as quais a vereadora se refere, muito menos quais pessoas fazem parte de seu círculo de amizade. Contudo, é imprescindível para um bom analista, não seguir a citação tão convincente da própria vereadora. Fico me perguntando, quem são as pessoas com quem a vereadora está convivendo que a fizeram mudar tanto. Restaria alguma coerência na garota da “taxa do lixo” ou teria alguém a controlando como um fantoche?

Por fim, é inevitável não comentar a atuação do presidente da Câmara. Em meio a todos os absurdos ocorridos na sessão, o “Boi”(MDB) assistiu a tudo quieto absolutamente calado. Apenas se propôs a interromper quando o vereador Rafael de Angeli (PSDB) tentou se opor ao PL 309-2021 para defender o prefeito. Seria Boi mais um que trocou de lado? Seria Boi um oportunista que realizou a “estratégia das tesouras” nestes últimos 20 anos? O vereador Rafael de Angeli até tentou questionar Boi sobre isto, mas se acovardou por ser do PSDB. Vocês sabem né… O vereador é do PSDB e precisa manter as aparências. Eis aqui minha única opinião neste artigo.

Não obstante, os vereadores da bancada PATRIOTA também optam por manter a oportuna cordialidade para com o prefeito. Tiram fotos com o atual alcaide e pedem desculpas quando criticam e se posicionam contra Edinho. Votar contra? Isso nem pensar.

Edinho exige submissão total. No máximo as aparências de opositores são toleradas.

Fato é que a esquerda avançou com sua agenda ideológica e a oposição da casa está longe de se mostrar suficiente. O que vi ontem, foi a ideologia avançando em um teatro burlesco.

Sair da versão mobile