Nos últimos dias, Araraquara viu explodir os casos de Covid-19 e as notificações de síndrome gripal. Imagens da UPA correm toda a internet. No entanto, no final do mês, está agendada uma festa universitária. Será que a Prefeitura de Edinho Silva vai manter a realização do evento?
O vereador Rafael de Angeli (PSDB) protocolou uma indicação sugerindo ao Prefeito que edite um novo decreto, proibindo eventos de grande porte, tal como o Integra Inter, enquanto perdurar o índice de contaminados acima de 50 por dia.
“A nova variante chegou em Araraquara e estamos visualizando o aumento vertiginoso do número de positivados e doentes com a COVID-19. Embora, graças à vacina, os casos, na sua maioria, não sejam graves, não é razoável autorizar um evento que pode infectar milhares de pessoas de uma só vez e, posteriormente, causar uma pressão desnecessária no sistema de saúde”, destaca o vereador.
A Prefeitura justifica que não há saída jurídica para impedir o evento. Porém, o vereador diz que isso se trata de uma mentira. “O Supremo Tribunal Federal reconheceu que os Municípios têm competência concorrente para legislar sobre a saúde pública. Trata-se de interpretação advinda do artigo 23, II da Constituição Federal. Inclusive, na ação de n. 1002909-52.2021.8.26.0037, o Excelentíssimo Juiz Guilherme Stamillo Santarelli Zuliani, da Vara da Fazenda Pública de nossa cidade, ressaltou essa competência do Prefeito Edinho Silva, já que foi eleito pela população”.
Em novembro, o vereador Lineu Carlos de Assis (Podemos); os vereadores Marchese da Rádio, Marcos Garrido e Carlão do Jóia (todos do Patriota); Hugo Adorno (Republicanos) e Emanoel Sponton (Progressistas) apresentaram uma moção de repúdio à realização do evento “Integra Inter”, previsto para acontecer nos dias 29 e 30 de janeiro de 2022 em Araraquara. A moção foi rejeitada por 7 votos a 6. Curioso é que Rafael de Angeli e seu colega João Clemente se ausentaram no momento da votação, o que abriu espaço para a rejeição do texto.
De acordo com os parlamentares, “O Inter” é um evento de grande porte, que quando realizado em Araraquara, em 2015, estima-se que contou com a participação de aproximadamente 20.000 pessoas. Sendo assim, as aglomerações previstas criam uma situação que favorecerá uma nova alta no contágio da Covid-19, aumentando o número de casos da doença e as internações, o que poderá vir a ser usado como justificativa para um novo fechamento do comércio e para novas medidas restritivas que impactam social e economicamente a população, que ainda tenta se recuperar.
Para subsidiar o argumento, os vereadores citaram pesquisas realizadas mostrando um aumento na média de casos de Covid-19 após eventos e datas comemorativas. Além disso, de acordo com alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia, servem de alerta para o Brasil e o mundo. “A pandemia do Coronavírus se agravou no continente Europeu nas últimas semanas com aumento de novos contágios e que vários países têm voltado a impor restrições para tentar, novamente, controlar a situação”.
Os parlamentares pontuaram que os jogos universitários costumam movimentar a economia da cidade sede, especialmente no setor hoteleiro e no comércio de refeições, o que normalmente seria benéfico, se não fosse a Pandemia da Covid-19 e o grande risco que representa à cidade neste momento.
“Embora a queda nos óbitos pela doença seja encarada com otimismo, especialistas entendem que ainda é cedo para decretar que o problema já passou e temem que tamanho relaxamento reverta a tendência positiva e desperdice todas as conquistas do momento”, diz a moção.