DestaquePolítica

A revolução de Pablo Marçal

Em 2022, o atual pré-candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal, havia apresentado sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PROS. Porém, por razões de força maior, acabou tendo que deixar a disputa, logo no começo da campanha. Entretanto, as ideias que apresentaria ao país foram registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma análise do Plano apresentado dá mostras de que Marçal poderia revolucionar o sistema político do Brasil.

Marçal parte do diagnóstico correto de que as visões de mundo definidas entre esquerda e direita ou capitalismo e socialismo são incapazes de, por si só, oferecerem soluções aos problemas reais enfrentados pela população. Desta forma, Marçal propõe uma nova forma de pensar a sociedade e o governo, chamada de Governalismo.

O novo sistema parte da ideia de que cada brasileiro é único e nasceu com a missão de governar a si próprio, sua família e sua esfera de influência. Desta forma, o Estado teria o papel fundamental de auxiliar as pessoas a cumprirem sua missão na sociedade. “O Estado é o piso, não o teto”, resume Marçal.

No modelo governalista, o Estado teria a função primordial de garantir as condições de sobrevivência da população, para que cada indivíduo desenvolva seu potencial ao máximo, elevando os níveis de produtividade e dinamizando a economia, em um ciclo virtuoso. Ou seja, Marçal não propõe a ausência do Estado tampouco o Estado máximo, mas sim um Estado com tamanho adequado e que caiba no bolso da população, sem que se sinta mal por pagar tantos impostos, sem ver os retornos em políticas públicas essenciais, como acontece hoje.

Para tanto, Marçal pontua que é necessária uma tríade para sustentar o plano: virtualização, empresarização e mudança de mentalidade. O primeiro eixo, da virtualização, é fundamental inclusive para que o governo seja mais ágil e tenha um peso menor. Ele ressalta que a virtualização é a transição do mundo físico e analógico para o mundo digital.

A virtualização está intimamente conectada às transformações vividas atualmente, em que os empregos estão cada vez mais relacionados ao mundo virtual, no qual habilidades e conhecimentos de programação e comunicação. Quanto antes essa noção for incorporada pela sociedade, mais preparada ela estará para as demandas contemporâneas.

Já o segundo aspecto diz respeito à empresarização, que visa aplicar a cultura empreendedora em todas as esferas da sociedade. Esse pilar visa estimular em cada brasileiro a criação de soluções e a sensação de poder administrar pequenos ou grandes negócios. Ou seja, desta forma, cada brasileiro teria a noção de que é o dono da própria vida, tomando decisões com intuito de melhorar a sua própria situação e de sua família.

O terceiro aspecto, a mudança de mentalidade, visa fazer o brasileiro incorporar novas crenças e valores, que contribuam para o despertar de que o país pertence ao povo e que os políticos devem servir ao povo e não se servir do povo, mudando o paradigma da representação política nos poderes constituídos.

O projeto de Pablo Marçal não pode ser enquadrado em uma linha de pensamento específica. Ele traz inspirações do liberalismo, encampado por Milton Friedman; assim como deixa claro a importância do papel do Estado no desenvolvimento, tese muito defendida por John Maynard Keynes. Ressalta a importância da distribuição de renda, porém deixa claro que o estado não pode limitar a capacidade de crescimento do cidadão.

Visando o fortalecimento do indivíduo e da família, o programa de Marçal é fincado nos princípios conservadores, ao mesmo tempo em que está atento à evolução tecnológica da sociedade, propondo formas de adaptação e de maximização da produtividade dentro desse novo contexto.

Portanto, Marçal parece ter encontrado, dentro de seu projeto governalista, um consenso, reunindo os melhores pontos de cada linha teórica de visão da sociedade e governo que, em conjunto, dialogam com os anseios e oferecem soluções para os problemas mais urgentes da população brasileira.

Além disso, ajuda a pavimentar o caminho para o futuro, apontando para a importância da virtualização e do pensamento empreendedor na sociedade. Atualmente, o Brasil já possui mais de 15 milhões de microempreendedores individuais, o que demonstra o protagonismo cada vez maior do empreendedorismo na sociedade.

As ideias de Marçal, em contexto nacional, dão um norte de como seria sua gestão à frente da Prefeitura da maior cidade do país: uma gestão eficiente, moderna, com integração e digitalização; ágil para resolver as demandas diárias da população e eficaz em estimular a capacidade produtiva de cada cidadão. Calcada em valores sólidos e tendo a prosperidade e a geração de riquezas como pontos fulcrais.

Uma mudança desse porte na mentalidade do prefeito da maior cidade do país levaria São Paulo a um outro patamar, consolidando o posto não apenas de maior, mas como de melhor cidade do país, com um caminho para resolver os problemas crônicos que afetam a vida do paulistano e demandam inovação da Prefeitura para serem solucionados.

O governalismo aplicado na escala municipal é a chave para questões que afligem a metrópole paulistana, como a mobilidade urbana, as enchentes, a segurança pública e os serviços de saúde e educação públicas. Com quase R$ 112 bilhões de orçamento, uma gestão conectada às inovações e mudanças do século XXI é o que falta para São Paulo decolar.

Autor: Victor Oliveira, mestre em Engenharia de Produção na área de Instituições e Organizações.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo